Por ANTONIO MASCARENHAS
Ela sabia que estaria a encontrá-lo no local marcado, às 15 horas. Precavida, procurava, sempre, fazer-se presente antes do horário combinado. Essa presteza, esse compromisso, acabaram conquistando sem cliente, já há alguns anos e não seria agora que ela iria colocar toda uma reputação em xeque.
Acontece que, sempre, há a primeira vez e essa, aconteceu nessa segunda-feira, no Fórum. O eminente advogado, intrigado com a demora de sua cliente, começou a andar de um lado para outro, consultando o relógio, já que seu celular, por desacerto, acabou ficando em casa. Decorridos 15 minutos do horário combinado, ele já demonstrava sinais de irritação. Situação incomum, em se tratando da personagem em apreço.
Mas, finalmente, ela apareceu, como sempre esbelta, exibindo um corpo de “fechar o comércio”, emoldurado por um vestido vermelho, ajustado às curvas estonteantes. Aliviado, o advogado pediu que ela entrasse. Ela o fez, não sem antes, dar aquele abraço. Já sentados, entreolhavam-se. Seus gestos eram, reciprocamente, entendidos, assimilados.
Iniciou-se a instrução do processo. A juíza, após a leitura da reclamatória, dirigiu-se à testemunha, questionando-lhe se, de fato, presenciou o fato narrado pelo autor da reclamatória. Ela, simplesmente, de forma mecânica, negou algo que, de fato, presenciou. Terminada a audiência, um novo abraço e ela se dirigiu a sua residência. Esse fato robusteceu a tese disseminada no meio jurídico de que, de fato, a ” prostituta das provas” é a oral.